sábado, 22 de junho de 2013

Outra Vez

     Ele voltou! Minhas pernas tremeram quando reconheci o dono do óculos à La Jonh Lennon a alguns passos de mim. Filho da mãe! Só estava incrivelmente tentador naquele jeans rasgado, mil vezes mais do que quando o conheci. Fiquei paralisada, parecendo uma idiota sem reação. Ele, com aquele jeito malandro, desceu o óculos até a ponta do nariz e me analisou da cabeça aos pés descaradamente e ainda por cima abriu um sorrisinho. Cretino! Balançou a cabeça me censurando sem perder o sorriso malicioso, juro que quis matá-lo naquele momento. Me senti uma árvore de natal diante da pessoa que me conhecia do jeito mais simplório possível. 

    Que arrependimento de ter saído de casa naquela noite, naquele horário e de ter ido naquele bar!! Se eu me atrasasse por mais 15 minutos com certeza não teria topado com aqueles maravilhosos olhos castanhos... Malditos olhos castanhos! Não possuem nada de especial, mas me deixam presa e envolvida por eles. Ele estava diante de mim e eu sem saber o que fazer direito, para não ficar chato, sorri amarelo (apesar de estar roxa igual uma corintiana em dia de clássico). Chegou mais perto, me deu um beijo na bochecha e senti aquele perfume que por tanto tempo era rotina em minha vida. Já havia sentido o mesmo cheiro, mas nunca era a mesma coisa de quando ele usava. Fiquei ali embriagada numa mistura de cheiro e lembranças por alguns segundos. “Acordei” enquanto ele contava sobre alguma viagem, para algum lugar distante que eu nem sei, e que isso justificava seu sumiço por aquele tempo. Eu não estava dando a mínima atenção para o assunto enquanto observava aquele doce sorriso mastigar todo o meu juízo. Ele me deixou desarmada, todo o meu discurso de mulher bem resolvida em frente ao espelho se perdeu quando fiquei cara a cara. Ele me contou de uns lugares diferentes, de ter escutado a nossa música dos Engenheiros em um boteco de estrada e que pensou em ligar. Olhando aquela barba por fazer desejei aquele ser jogado no meu sofá, de escutarmos rock tão alto até os vizinhos reclamarem, do brigadeiro de panela depois da balada e dos abraços suados depois dos gols do futebol. Desejei a blusa de frio emprestada, daquele jeito malandro que me fazia rir quando menos esperava, desejei ser quem eu era com ele... calça jeans e pé no chão, cabelo preso e riso solto. Sem máscaras, sem truques, sem mentiras. Aquele cara que não vale nada me fazia sentir a pessoa mais feliz do mundo, me amando do jeito torto e desengonçado de levar a vida. Agora ele estava ali na minha frente, sem nem sonhar que já me tinha nas mãos nos primeiros minutos do reencontro. Aqueles malditos olhos castanhos me fitaram enquanto eu desejava uma única resposta, uma única palavrinha que respondesse o que o meu coração tanto queria...

Ley