quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Veja bem, creio que esse foi o momento ideal da sua partida, antes que todo esse meu silencioso respeito se tornasse uma maldosa indiferença. Algumas lágrimas caem do meu rosto enquanto tento traduzir tudo o que sinto nessas míseras palavras, missão complicada essa.Entre os livros de clínica e cirurgia lembrei de nós. Lembrei-me dos nossos sorrisos, das historinhas ridículas e dos causos que só nós sabemos. E de verdade, não doeu. Não doeu por que hoje não passam de míseras recordações, fatos que não são capazes de disparar a vontade de vivê-los novamente. A casa está mais silenciosa e confesso que até mais espaçosa, uma sensação diferente que não presenciava há um tempo. Acostumei com a televisão sendo a única voz do cômodo e as luzes acesas quando vou dormir. É meio trágica a sensação de uma “vida” se desfazer e não sentir nem um pouco de tristeza por isso. Não há uma outra pessoa ou outro sorriso que justifique essa mudança, se há algo a mais nessa história seria eu mesma. Por trás de tudo isso há certa culpa, parece egoísmo demais pensar em si mesmo quando se abandona um sentimento de tanto tempo. Alguns dizem que é o tal do amor próprio, mas há uma vontadezinha lá no fundo de conhecer novos ares e de viver todo esse potencial que a vida tem para oferecer sem compromisso com hora marcada ou tempo de vida útil. Depois de tanto tempo percebi que éramos as pessoas certas no momento errado. Ambas as partes não estão maduras o suficientes para encarar a vida, hoje vejo que é uma necessidade minha crescer. Crescer como pessoa, profissional e até crescer com coração. Não vou mais atender as suas ligações e seus pedidos de reencontro. O telefone vai tocar até você se cansar e também resolver abandonar esse barco de vez. As fotos vão continuar no meu computador, mas não vão despertar saudade, mesmo que em algum instante sim, será pela felicidade do momento, não pela companhia. E depois de tudo o que aconteceu, meu coração vai pensar inúmeras vezes antes de amar alguém....
Leyri

domingo, 8 de setembro de 2013

Lembrança


Maldade é nossa mente perder a fisionomia e a voz de alguém que tanto gostamos e não convivemos mais diariamente. Uma luta desleal na tentativa de não esquecer o sorriso, a risada e até o arquear das sobrancelhas. É a loucura de sentir o perfume daquela pessoa ao caminhar na rua  e olhar em todas as direções na vã intenção de encontrá-la entre tantos rostos. Fechar os olhos e desejar de volta a sensação de abraçá-la. Ficar com aquele sorrisinho de lado ao lembrar-se das conversas e avermelhar-se recordando dos beijos no portão.  Alivia-se com um sonho, por mais bobo que seja,  só por ter de volta quem tanto se gosta. Ele era a busca incessante da minha mente nesses últimos meses. Não correspondia nem um pouco aos meus padrões de algum tempo atrás, de certa forma antes o trataria com certo descaso. Com esse jeito diferente foi o único que me tirou do comodismo e isso faz com que eu o odeie demasiadamente, mas ao mesmo tempo seja a minha obsessão predileta.  Agora a porcaria do Oceano Atlântico nos separa e aquela maldita música insiste em tocar no rádio todos os dias, somente para lembrar-me que saudade dói. Raiva é o que eu sinto só de pensar em todo esse turbilhão que ele causou em mim e depois decidiu pular fora. Assim é fácil, né? Colocar lenha na fogueira e não colocar a mão para ver o quão quente está? Se minha conta bancária e os créditos do meu celular permitissem eu ligaria... ligaria para falar que não é justo encher meu mundo de ilusões, que não é nada justo me deixar perdidamente apaixonada e sumir da minha vida sem nem uma previsão de voltar! Eu juro que um dia eu ligo e vou falar de todas as noites em claro que passei pensando no seu beijo e da vontade de te ter ao meu lado vendo as estrelas. Vou berrar no telefone que se ele  não voltar, vou buscá-lo e forçá-lo a ficar pra sempre comigo. Por bem ou mal, será assim... ele vai ser meu, não sei quando, mas vai ser...


Ley

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Metamorfose Ambulante

No inicio, ela era apenas mais um estranha que aparecia onde eu moro. A casa é grande e aparece todo tipo de gente. Durante alguns meses, ela se mostrou mais estranha que a média. Toda cheia de piercings , com infinitas malas e um peixe , ela não me agradou muito inicialmente. Seu silêncio também não ajudava a conhecê-la.
Ainda bem que esse negócio de que a primeira impressão é a que fica não acontece comigo. No inicio desse ano, aquele menina estranha foi mostrando outros lados. Ela continuou a se mostrar estranha, mas era uma estranha interessante. Era estranho ver ela falar com facilidade coisas que outros esconderiam até o fim da vida e ao mesmo tempo era interessante ouvir aquilo e poder sem sincero também.
Quando passei a me aproximar dela, fiquei sabendo que ela iria partir no futuro. Ouvi falar da partida, não gostei e ignorei porque era mais produtivo ir pro quarto dela conversar ao invés de ficar lamentando a partida.
Outros meses se passaram e ignorei a data de ir embora. Segui conversando com aquela menina diferente. Me acostumei a trocar idéia com ela todos os dias. Mesmo quando não tinha nada pra falar, era divertido fazer uma careta no corredor pra fazê-la rir e desfazer aquela cara séria sem motivo.
Agora que ela se mudou e foi buscar algo melhor em uma cidade distante, tenho que me acostumar em não mais ver aquele rosto engraçado na janela, a não mais conversar sobre a vida num momento de ócio e nem a zoar ela por sua risada engraçada. Acredito que ela se encaixe bem na música de Raul Seixas , “metamorfose ambulante”, e faz parte dessa metamorfose essa nova mudança.
A casa volta a se esvaziar um pouco. Outro ciclo de renovação começa. Espero que outras pessoas legais ocupem seu espaço na casa. Espero também que nossa amizade se conserve sincera e engraçada. Boa sorte na nova empreitada.

Jean