sábado, 16 de novembro de 2013

Análise Gourmet

Todo crítico de gastronomia que se preze faz uso das sugestões de seus leitores para selecionar os restaurantes que serão avaliados. Como grande analista gastronômico que sou, eu não poderia deixar de trazer minha crítica sobre o restaurante mais comentado pelos politécnicos, o Bandejão. E só posso começar a critica com: o restaurante mais marcante na minha vida.
Existem divergências sobre quantas vezes um crítico deve visitar um restaurante para então publicar sua opinião, a maioria deles visita o estabelecimento apenas uma vez. Eu visitei esse restaurante diversas vezes por semana nos últimos três anos, portanto acredito que tenho um espaço amostral suficiente para analisar todos os aspectos importantes do local (lembrando que todas as visitas tiveram como único objetivo a produção desse artigo que você está lendo). Da mesma forma em que há divergências sobre o número ideal de visitas, também não há unanimidade sobre o número de pratos que devem ser experimentados. O normal é se experimentar 6 pratos: duas entradas, dois pratos principais e duas sobremesas. Mas nas vezes que fui ao Bandeco e pedi carne e ptv e/ou duas sobremesas, eu não recebi um tratamento muito amigável das “tias” então aprendi a fazer avaliações gastronômicas com apenas um pedaço de carne e uma goiabinha.
Todos os dias, não tenho um maitre pra me dizer qual o prato mais relevante ou qual a sugestão do chef mas tenho o grande prazer de escolher entre duas opções incríveis de cardápio e geralmente escolho a mais próxima de onde estou ou a com menos fila. Falando em fila, acho que ela é o grande charme do restaurante, é o local que mais tem conversa, é o local onde há a maior expectativa e é o lugar que aumenta nossa fome e faz com que possamos saborear com mais vontade a excepcional refeição que nos espera duas vezes ao dia.
Para que eu possa ter uma avaliação precisa de todos os pratos que julgo, aprendi a estabelecer padrões de tipos de comida a partir do melhor exemplar de cada tipo de comida que já provei. Por exemplo: meu padrão de frescor ideal em um camarão, por exemplo, vinha de um restaurante de pescados litorâneo. Já o de cozimento vinha de um restaurante francês paulistano. Entretanto, com o passar desses anos de graduação, todas as minhas referências de comida excepcional se voltaram para esses presentes dos deuses que hereges chamam apenas de Bandejão. Minhas fichas de avaliação que se dividiam em couvert, entrada,prato principal e sobremesa e que dividiam os comentários em quesitos importantes para qualquer receita: apresentação, temperatura, qualidade dos ingredientes, cozimento, tempero e harmonia da receita são todas rasgadas quando vou comer em um dos quatro pontos mais importantes da Cidade Universitária Armando Salles (Central, Física, Química e Prefeitura), porque todos os quesitos são marcados como “perfeitos”.
É óbvio,claro e evidente que esse texto pode ser preenchido por vários “só que não”, já que eu estava falando do Bandejão e não de um jantar comemorativo oferecido por Zeus aos humanos. Entretanto, o nosso badalado restaurante universitário cobra apenas R$1,90 para encher nosso bucho no almoço ou jantar. E valorizem todos os animais, vacas, porcos e frangos (principalmente e muito mais frequentemente/quase diariamente frangos) que são sacrificados para podermos no alimentar
Jean Michell
Engenharia Civil – 3º ano