terça-feira, 30 de julho de 2013


Quinta-feira de manhã. Enquanto a cafeteira funcionava, fui à janela checar o tempo. O céu estava cinza, mas não tão melancólico quanto o meu estado de espírito. Minhas roupas eram pretas e coincidiam com meu luto. Não havia perdido nenhum parente ou amigo, era a morte de um sentimento.

 Olhando um casal entrar em seu carro no estacionamento, algumas lembranças de nós vieram à tona. Recordei do dia em que nos conhecemos, do primeiro beijo, da sua risada a me ver cantando com meu péssimo inglês. Dos beijinhos na testa quando eu estava triste e me levar um chocolate sempre que pedia. O carro foi embora e com ele esses bons momentos.  Recordei-me de todas as coisas ruins e das mágoas que elas deixaram.  Das nossas brigas, de você ter ignorado meu aniversário e ainda dizer que comemorações não eram importantes.  Dos seus amigos fúteis e de você não ter nenhum plano ou perspectiva para nós. Fechei meus olhos e senti meu coração partido em mil pedaços. Ao mesmo tempo certo alívio, aquele momento em que você não sente mais um nó na garganta. Eu não era mais uma criança para chorar desconsoladamente, tinha que seguir firme, aliás... eu tinha um vida toda pela frente. Lamentava por ainda gostar um pouco, mas era ciente de que aquilo não me fazia bem, muito menos se concretizaria em algo duradouro.  A cafeteira apitou, sinalizando que o café estava  pronto e em uma última olhada pela janela pensei suspirando: acabou! 
 
L.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Encontro


O relógio marcava 15h30min e eu já estava pronta. Já tinha passado várias vezes em frente ao espelho e em todas elas conferi se havia algo errado. Andava de um lado para o outro dentro do apartamento na tentativa do tempo passar mais rápido.  Eram 15h45min e se eu não saísse de casa iria enfartar ali mesmo e encontrariam meu pobre corpinho dias depois caído no chão. Catei o primeiro livro que vi na frente, era um de biologia, para causar uma boa impressão e disfarçar a ansiedade do encontro. Desci correndo as escadas por que o elevador demorava demais. O porteiro abriu a porta e sorriu com um boa tarde, estava tão nervosa que não sei se respondi. Passos rápidos na calçada enquanto minhas mãos suavam ao segurar o livro. Era ali, na pracinha entre a T-37 e  a 36. A fonte estava ligada e crianças brincavam sob os olhares das mães e babás. Algumas velhinhas conversavam sobre a Saga Crepúsculo e a diferença do romantismo dos livros de sua época.  Eu estava sentada, em um mundo paralelo, olhando minuto a minuto o relógio torcendo que a hora combinada chegasse. Uma ultima olhada no relógio e ele marcava 15h55min, comecei a pensar seriamente se meu vestido longo branco com flores roxas tinha sido uma boa opção. Estava riponga demais, fora o fato de estar de chinelos. Meus pensamentos foram interrompidos com o latido de um cachorro do outro lado da rua. Incrível como aquele lugarzinho parecia não pertencer a Goiânia,  as pessoas estavam ali curtindo a vida em plena tarde enquanto o caos do transito se estabelecia em algumas ruas abaixo.  Abri o livro de biologia.  Meiose, mitose e isso não me agradou. Pulei para botânica e passei os olhos correndo em alguma coisa sobre briófitas. Fui folheando o livro sem saber direito o que queria ler. De repente senti uma mão nos meus ombros e uma voz me chamar em um tom tão doce que nunca havia escutado. Ao me virar deparei com um dos sorrisos mais lindos e alegres que tinha visto... sim, ele estava ali :)

sábado, 20 de julho de 2013

Ele disse adeus...


Sei que para você é um pouco estranho eu estar sentindo algo assim sem ter convivido direito contigo e por estarmos separados por um bom tempo, nem eu consigo entender.  Simplesmente me envolvi aos poucos. Ficava esperando o dia todo para falar com você , me alegrava quando respondia as mensagens. Uma imensidão de coisas simples  que foram ganhando importância a ponto de me irritar às vezes.
Não sei nós erramos ao falar tanta coisa no msn. Podia ser uma grande brincadeira, mas eu levei a sério. Foram as entrelinhas e a sintonia que me deixavam uma boba relendo inúmeras vezes as nossas conversas, as despedidas com "beijos e mais beijos"e que no final sempre terminavam com um “se cuida”.
Acho que no fim ter te visto me fez bem, de certa forma sei que tudo que aconteceu não foi só uma fantasia minha e por isso eu precisava arriscar. Creio que se nós nos tornássemos mais amigos eu não faria o que fiz. Não sei se a gente vai se afastar de vez, mais do que estamos agora... sei lá.. só o tempo, esse maldito tempo vai dizer...

Acho que  nada apagará as lembranças, elas adormecem no coração, mas sempre acordam com um singelo detal he que remete a você. O perfume, um rosto parecido, o jeito de conversar semelhante são fatos que fazem reviver um sentimento e uma dor. Essa dor é a da perda e ela parece ser eterna. Eterna também é a lembrança de você ser o último abraço que eu não pude dar. E se existe algum bom motivo da alegria dos primeiros meses em Goiânia é você!