terça-feira, 30 de julho de 2013


Quinta-feira de manhã. Enquanto a cafeteira funcionava, fui à janela checar o tempo. O céu estava cinza, mas não tão melancólico quanto o meu estado de espírito. Minhas roupas eram pretas e coincidiam com meu luto. Não havia perdido nenhum parente ou amigo, era a morte de um sentimento.

 Olhando um casal entrar em seu carro no estacionamento, algumas lembranças de nós vieram à tona. Recordei do dia em que nos conhecemos, do primeiro beijo, da sua risada a me ver cantando com meu péssimo inglês. Dos beijinhos na testa quando eu estava triste e me levar um chocolate sempre que pedia. O carro foi embora e com ele esses bons momentos.  Recordei-me de todas as coisas ruins e das mágoas que elas deixaram.  Das nossas brigas, de você ter ignorado meu aniversário e ainda dizer que comemorações não eram importantes.  Dos seus amigos fúteis e de você não ter nenhum plano ou perspectiva para nós. Fechei meus olhos e senti meu coração partido em mil pedaços. Ao mesmo tempo certo alívio, aquele momento em que você não sente mais um nó na garganta. Eu não era mais uma criança para chorar desconsoladamente, tinha que seguir firme, aliás... eu tinha um vida toda pela frente. Lamentava por ainda gostar um pouco, mas era ciente de que aquilo não me fazia bem, muito menos se concretizaria em algo duradouro.  A cafeteira apitou, sinalizando que o café estava  pronto e em uma última olhada pela janela pensei suspirando: acabou! 
 
L.

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